Artemisia Gentileschi, a Mulher por trás da Pintora

08/03/2017 09:15

 

 

 

 "Autorretrato Tocando Alaude", 1615-1617 - Artemisia Gentileschi

 

 

 

   No dia 8 de março é comemorado o dia internacional da mulher, mas o que isso tem a ver com artes? A mulher nas artes já foi musa inspiradora, símbolo da beleza absoluta, de força, poder, mas durante muito tempo mulheres pintoras não eram levadas a sério, isso começa a mudar quando entra em cena Artemisia Gentileschi e, é com sua biografia que prestamos nosso homenagem as mulheres nesse dia.

   Nascida em Roma no dia 08 de julho de 1593, Artemisia Gentileschi é a primogênita e única filha mulher dentre os quatro filhos do pintor Orazio Gentileschi, foi uma pintura italiana do período barroco. Começou seu aprendizado da pintura no ateliê do pai. Em 1610, aos 17 anos pintou “Suzana e os Velhos”, a beleza do quadro fez com que muitos considerassem que a artista não o teria pintado sozinha, e sim orientada pelo pai. Mas no decorres da carreira Artemisia demonstrou que era uma artista acima da média, tanto que foi a primeira mulher a ser aceita na Academia de Belas-Artes de Florença.

 

 

 

 "Suzana e os Velhos", 1610 - Artemisia Gentileschi

 

 

 

 

   Um dos fatos mais marcantes de sua biografia foi ela ter sido violentada pelo também pintor Agostino Tassi, ele e o pai de Artemisia foram contratados em 1611 para decorarem o Casino della Rose, no Palazzo Pallavicini Rospigliosi, em Roma, com isso Orazio abriu as portas de sua casa a Tassi, além contratá-lo como tutor de sua filha. Nesse período, ainda no ano de 1611, Agostino estuprou Artemisia.

 

 

 

"Trancou o quarto a chave e depois me jogou sobre a cama, imobilizando-me com uma mão sobre meu peito e colocando um dos joelhos entre minhas coxas para que não pudesse fechá-las. E levantou minhas roupas, algo que lhe deu muito trabalho. Pôs um pano em minha boca para que não gritasse. Eu arranhei seu rosto e arranquei seus cabelos."

Este é o relato de Artemisia sobre o estupro

 

 

 

   Depois do fato, Artemisia continuou a ter relações sexuais com seu agressor por ele havia prometido se casar, e assim a honra da moça seria restaurada, contudo, nove meses depois ele voltou atrás em sua palavra, e quando Orazio descobriu que ele não se casaria decidiu processá-lo.

   O julgamento durou sete meses e o grande período de tempo entre o fato e a denúncia fez com que a opinião pública se voltasse contra ela, mesmo assim, Tassi foi condenado no dia 27 de novembro 1612. Mas o juiz lhe deu a chance de optar por uma sentença de cinco anos de trabalho forçados ou deixa a cidade de Roma. O réu, claro, optou pelo exílio.

   Ainda com o objetivo de restaurar a honra da filha, o pai de Artemisia não demorou em arranjar-lhe um casamento. Apenas dois dias após a condenação de Agostino Tassi, no dia 29 de novembro de 1612, Artemisia se casou com o pintor Pierantonio Stiattesi e se mudou para Florença.

   Artemisia Gentileschi já pintava figuras femininas fortes, inspirada tanto por historias bíblicas quando pela mitologia, mas após seu estupro ela passou a ter uma nossa perspectiva, mais feminista.

 

 

 

 "Judite Decapitando Holofernes", 1612-1613 - Artemisia Gentileschi

 

 

 

 

"Judite e sua Serva", 1618-1619 - Artemisia Gentileschi 

 

 

 

   Já em Florença, pintou “Judite Decapitando Holofesnes”, seu quadro mais famoso.  A passagem bíblica já havia sido levada às telas por inúmeros pintores desde o Renascimento e era considerada uma alegoria do triunfo feminino sobre os homens. Mas, nas mãos de Artemísia, a cena ganhou novos contornos - vários especialistas interpretam sua abordagem como um desejo de vingança pela agressão sofrida.

   Passou a vida pintando e chegou a ter certa fama, mas caiu em profundo e longo esquecimento após sua morte, em 1656, em Nápoles. Demorou muito para que seu valor artístico fosse reconhecido. E apenas na década de 1970 Artemisia se tornou um símbolo do femininsmo.

   Atualmente os quadros da artista figuram nos mais prestigiados museus do mundo como a Gallerie Delli Ufizzi em Florença e o The Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque.

 

 

 

 

 

Fonte: www.bbc.com